O CIBIO-Açores, Centro de investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos – Açores, tem sede na Universidade dos Açores, constituindo-se como um grupo de investigação do InBIO, a Rede de Investigação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva. Em 2018 o centro contou com 63 investigadores: 20 doutorados (9 professores, 1 investigador principal, e 10 investigadores doutorados), 12 doutorandos, 8 mestrandos e 23 colaboradores de projeto. O centro publicou 31 artigos em 2018 e conseguiu obter financiamento a nível nacional e internacional. Desde a sua formação em 2006, a sua atividade centra-se no desenvolvimento de investigação de elevado nível na área da biodiversidade, utilizando os Açores e outros sistemas insulares como modelo. As suas áreas de ação estendem-se dos biótopos costeiros até às florestas naturais e de exóticas, incluindo também a ecologia das águas interiores, a paleoecologia e a paleontologia.
Depois de mais de dez anos de atividade científica, o nosso centro inclui áreas de investigação que se foram gradualmente desenvolvendo e amadurecendo, e que atualmente atingiram uma coesão e relevância suficientes para, eventualmente, dar origem a linhas de investigação mais específicas, e independentes. No entanto, o grupo continua a possuir uma elevada interligação entre essas diferentes áreas, com a participação de vários membros nas atividades desses campos diversos, mas complementares. Embora essa análise estratégica tenha servido, basicamente, como um exercício interno, consideramos que a definição de linhas de investigação que daí resultou merece ser aqui apresentada, como forma de caracterizar mais completamente a diversidade do nosso centro. Como nos organismos e populações biológicas, a diversidade pode ser uma vantagem para sobreviver e proliferar quando as condições ambientais (e.g., financiamento, oportunidades de carreira científica) mudam rapidamente, e quando um considerável grau de incerteza paira sobre o papel da biodiversidade como área focal de investigação.
De facto, a necessidade de ligar a investigação, ao nível dos organismos e dos ecossistemas, a abordagens mais orientadas para a produção, é um desafio contínuo, que também dependerá de um tipo de formação científica menos dependente da aquisição de conhecimentos e mais focada no desenvolvimento de competência mais integradoras, no uso de disciplinas transversais como sejam um desenho estatístico e uma análise de dados sólida, o uso de ferramentas tecnológicas (e.g., metagenómica, sequenciação de DNA de terceira geração) e de áreas emergentes, incluindo a inteligência artificial e aprendizagem de máquinas. Com uma parcela considerável do processo científico a tornar-se cada vez mais tecnológica e, portanto, cada vez mais automatizada, o papel do investigador tornar-se-á cada vez mais o de um analista de sistemas, ligando questões de investigação e desafios societais através de abordagens holísticas. Entretanto, a atualização tecnológica das instituições de investigação é atualmente muito heterogénea, devido a claras desigualdades de financiamento. Esperamos que a nossa instituição de investigação, como um todo, consiga vencer os importantes desafios do futuro. De nossa parte, continuaremos a apoiar o desenvolvimento de investigação e de formação avançada e, assim o esperamos, a usar os nossos laboratórios insulares como lançadores de ideias científicas, mesmo que outro tipo de lançadores ganhe mais relevância num futuro próximo.