PLASTIFUN – Global Assessment of Plastic Degradation in Environments with Contrasting Anthropization
De acordo com a Comissão Europeia, todos os anos na Europa são produzidas cerca de 32 milhões de toneladas de resíduos de plástico1. Destes, aproximadamente 80% acabam por atingir os ambientes marinhos, onde podem demorar até 400 anos a degradar-se completamente2.
Apesar dos alertas para esta crise ambiental, verifica-se uma produção e consumo crescente de plástico para diferentes utilizações, estimando-se que a utilização global de plásticos aumente de 464 Mt (milhões de toneladas métricas) em 2020 para 884 Mt em 20503.
Perante este cenário alarmante, torna-se imprescindível desenvolver e promover alternativas mais sustentáveis. É neste contexto que surgem os plásticos biodegradáveis, como uma solução promissora para reduzir a persistência dos resíduos plásticos no ambiente.
Com o objetivo de melhor compreender a degradação de plásticos biodegradáveis em ambientes terrestres, nasceu o projeto internacional PLASTIFUN, coordenado por investigadores da Universidade de Alicante (Espanha). Este estudo é uma iniciativa de ciência colaborativa que visa avaliar a degradação destes materiais em ecossistemas terrestres de diferentes regiões do mundo, contando com a participação da Universidade dos Açores.
A experiência segue um protocolo padronizado, no qual cada participante instala fragmentos de plástico, espátulas de madeira e sacos de chá, em solos com diferentes tipos de ocupação. Na ilha de São Miguel, foram selecionadas seis localizações com utilizações distintas — desde zonas naturais com pouco ou nenhum contacto humano até zonas urbanas e agrícolas — localizadas nos concelhos de Ponta Delgada e Vila Franca do Campo.
Os dados recolhidos permitirão avaliar a degradação efetiva destes materiais em condições reais de campo, em função do pH, do teor de matéria orgânica do solo e do tipo de coberto vegetal.
Os resultados do PLASTIFUN contribuirão para o avanço do conhecimento científico e para a transição do uso de plásticos convencionais para os plásticos biodegradáveis, com vantagens para a preservação da saúde humana e dos ecossistemas.
Na Universidade dos Açores, o projeto foi realizado pela Doutora Sílvia Quadros e pela estudante finalista de Biologia, Inês Rente.
Agradecimentos: Às entidades externas que disponibilizaram espaços para a realização dos ensaios, deixamos o nosso agradecimento: Município de Vila Franca do Campo, produtor agrícola Sr. André Couto, CNE-Agrupamento 436, Jardim José do Canto, Serviço Florestal e de Ordenamento do Território de Ponta Delgada e Serviço de Desenvolvimento Agrário de São Miguel.
Referências:
1. Comissão Europeia. (2024, 27 de agosto). Plásticos. Comissão Europeia. Recuperado a 4 de julho de 2025, de
https://environment.ec.europa.eu/topics/plastics_en
2. Parker, L. (2018, 20 de dezembro). A whopping 91% of plastic isn’t recycled. National Geographic. Recuperado de
https://www.nationalgeographic.com/science/article/plastic-produced-recyclingwaste-ocean-trash-debris-environment
3. Veidis, E. M., LaBeaud, A. D., Phillips, A. A., & Barry, M. (2021). Tackling the ubiquity of plastic waste for human and planetary health. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, 106(1), 12–14. https://doi.org/10.4269/ajtmh.21-0968