FRESCO - Ecologia das Águas Doces

Os ecossistemas aquáticos das ilhas oceânicas são únicos devido à sua origem vulcânica, ambiente geomorfológico, situação climática e isolamento biogeográfico, que originam padrões estruturais e funcionais e processos ecossistémicos diferentes dos observados nas regiões continentais. Aproveitando a vantagem de estarmos num 'laboratório natural', as ilhas dos Açores, o nosso principal objetivo é descrever e compreender a estrutura e função dos ecossistemas aquáticos insulares, e desenvolver metodologias e estratégias para a sua avaliação ambiental, reabilitação e conservação.

A nossa investigação visa determinar os impactos das alterações ambientais locais e globais sobre o biota aquático, nomeadamente lagoas, ribeiras e águas costeiras. Pretendemos descrever a estrutura das comunidades biológicas e as suas interacções com os factores ambientais, e determinar o valor indicativo dos elementos de qualidade biológica para a avaliação da qualidade ecológica destes ecossistemas. Relativamente ao funcionamento dos ecossistemas, o estudo foca-se no processamento dos detritos orgânicos para compreender como este processo ocorre na ausência ou baixa abundância de detritívoros (situação natural em muitos ecossistemas de águas doces em ilhas oceânicas), o que se espera que ocorra com maior frequência e em áreas mais vastas no futuro, dada a sua sensibilidade ao aquecimento e à poluição.

Para abordar estes tópicos, utilizamos uma combinação de abordagens ecológicas clássicas e novas metodologias como o ADN ambiental (eDNA) e a modelação.

Os principais objectivos do FRESCO são:

1. avaliar a biodiversidade dos ecossistemas de água doce da Macaronésia e os seus padrões de distribuição;
2. compreender o funcionamento dos ecossistemas aquáticos em ilhas oceânicas remotas e como são afectados pelas alterações ambientais locais e globais;
3. avaliar a resposta do biota aquático às alterações ambientais, nomeadamente as decorrentes da eutrofização e/ou poluição orgânica, permitindo o desenvolvimento de  métricas biológicas para avaliação da qualidade ecológica das águas superficiais interiores;
4. desenvolver ferramentas moleculares para a avaliação do potencial de produção de cianotoxinas em lagoas e águas termais açorianas para implementação em   programas de monitorização;
5. manter uma coleção de culturas de microalgas e cianobactérias açorianas e avaliar o seu potencial uso para aplicações biotecnológicas (e.g., nutrição, farmacêutica, cosmética).